15/05/2023

SANGUE SUOR | Discurso Direto

  Foto: Gonçalo Delgado

Chama-se "O Salto" e, mais do que um disco, é um convite para um mergulho no desconhecido. A edição que firma o encontro entre três bateristas com percursos singulares no quadro da música portuguesa de hoje - Rui Rodrigues (At Freddy's House, OSSO, Angela Polícia), Susie Filipe (Moonshiners, SIRICAIA) e Ricardo Martins (Pop Dell'Arte, Jibóia, Filho da Mãe) - disponível em todas as plataformas digitais e em formato vinil no bandcamp da Omnichord. O coletivo Sangue Suor são hoje meus convidados em "Discurso Direto".
 
Portugal Rebelde - Antes de mais, como é que surgiu a ideia para reunir três bateristas à volta do projeto Sangue Suor? 

Rui Rodrigues - Em 2021 o Paulo Brandão (diretor artístico do Theatro Circo) abordou-me com um desafio: celebrar os 106 anos do Theatro Circo com um momento ou um "hino" percussivo. Chegou a sugerir-me apresentarmos percussionistas nas varandas do TC mas, entretanto, fomos conversando e ele aceitou uma outra proposta minha: convidar 4 bateristas para interpretar um tema no qual o foco seria o ritmo, e as linhas percussivas da bateria. É uma ideia que me inspira: a desconstrução do lugar de baterista. E assim, pensei de imediato no Ricardo Martins, na Susie Filipe, e na Catarina Martins. Decidi convidá-los para esta experiência porque, em primeiro lugar, me pareceu que seria muito interessante ter 4 bateristas com linguagens e abordagens muito diferentes. Em segundo lugar, porque sempre acreditei na partilha de desafios e experiências e, também, dos momentos criativos. Estes três bateristas foram as primeiras três escolhas e fiquei muito feliz por terem aceitado. O tema e o vídeo tiveram uma aceitação muito positiva. Creio que se formou imediatamente um laço entre Sangue Suor e o Theatro Circo e, por essa razão, voltamos a ser desafiados para pontuar o 109.° aniversário do Theatro Circo. Após várias conversas com o Paulo e com os meus colegas, decidimos formar a banda e editar um disco em parceria com a Omnichord Records. 

PR - Desconstruindo o conceito de "Baterista" este disco apresenta-nos seis formas de saltar no vazio. Querem falar-nos um pouco do processo de composição deste álbum? 

Ricardo Martins - Tivemos uma série de momentos de residência no Serra (casa da Omnichord) na Reixida/Leiria. Cada um de nós trazia o ingrediente principal para músicas. Um ritmo, um synth, uma voz, e depois juntávamos tudo e cozinhávamos até ficar no ponto. As residências foram deixando tudo apurar, crescer. Começámos a perceber tudo mais como banda. Nessa busca, vimos que se repetiam coisas, e que ajudavam a trazer coesão. O Rui trazia músicas com o Dx7, a Susie canções que passavam também pelo uso da voz dela (e que começou a abrir caminho para novas ideias, noutros mundos musicais) e eu, metido no sistema modular e umas gravações de campo, drones e assim. Depois foi saltar. Cada música do álbum foi um salto no vazio... de olhos fechados e mente aberta. 

PR - Surma, Cabrita, Selma Uamusse e Larie são os convidados deste "Salto". Há alguma razão especial para a escolha destes nomes? 

Ricardo Martins - São malta que admiramos muito. Há uma relação bonita com a omnichord, na maioria, mas veio principalmente uma vontade muito grande de tocar e partilhar músicas com. 

PR - No próximo dia 9 de junho apresentam ao vivo este "Salto" no Teatro Aveirense. O que é que o público pode esperar deste concerto? 

Susie Filipe - Uma espécie de viagem interrail, por várias sonoridades e estilos musicais, interpretada por 4 músicos, ao longo de cerca de uma hora. 

PR - Desassossego, fusão e experimentação, são os adjetivos que melhor caracterizam este projeto? 

Susie Filipe - Sim, estes são alguns dos estados que nos podem caracterizar. Talvez possa acrescentar fúria, liberdade criativa e tensão.

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