Numa edição AVM – Alain Vachier Music Editions, em parceria com a Capote Música, chega hoje às lojas o disco de estreia dos Bicho do Mato, “A Vingança do Bicho do Mato. Hoje em "Discurso Direto" reunimos a banda eborense para compreendermos a "Vingança do Bicho do Mato".
Portugal Rebelde - Se La Fontaine vivesse em Évora no séc. XXI, e em vez de pena e papel, usasse guitarras clássicas, violas campaniças e bateria, poderia muito bem ter escrito as canções deste disco?
Bicho do Mato - O disco apresenta várias histórias, cada uma delas representada por personagens vestidas de animais, conferindo-lhe assim alguma estética semelhante às fábulas de La Fontaine.
PR - As 13 fábulas que compõem este álbum encerram alguma moral?
Bicho do Mato - As nossas canções servem-se sobretudo do realismo, pintando retratos da sociedade como ela é. Pode-se facilmente confundir aquilo em que alguém se revê nas nossas canções com moralismo, mas se há moral neste disco estará certamente no facto de ninguém ter moral nenhuma para dar lições de moral a alguém. É um exercício de autocrítica e de identificação de conceitos transversais na vida de todos.
3. “Mãos de Aranha Coxa” foi o single escolhido para apresentação de “A vingança do Bicho do Mato”. De que é que nos fala esta fábula?
Bicho do Mato - É uma canção de amor sobre alguém que chega à meia idade e não consegue perceber se tem o futuro todo por viver ou se o amor da sua vida já aconteceu e lhe passou ao lado. Poderia servir também de elogio ao divórcio ou a qualquer crise de meia idade.
PR - Bicho do Mato, é mais cigarra ou formiga?
Bicho do Mato - Sem dúvida que é uma formiga, pois acreditamos que é o trabalho que traz a inspiração e não o contrário. Suámos muito para conseguir lançar agora este trabalho, trabalhámos na composição, na escrita, na filtragem de ideias, na gravação, nos arranjos, tudo para apresentarmos a melhor arte que está ao nosso alcance. Estamos orgulhosos, sim, mas do nosso trabalho.
PR - O que é que o público pode esperar dos vossos concertos?
Bicho do Mato - O ideal é que esperem uma coisa e obtenham algo completamente diferente. Acreditamos que é possível conjugar arte e entretenimento, e como tal, os nossos concertos são bastante divertidos e interactivos. Já conseguimos meter público a cantar as nossas canções sem as conhecer, agora que o disco vai estar cá fora, queremos que os nossos concertos se tornem em celebrações ainda maiores.
PR - A música do Bicho do Mato nunca será um bicho de sete cabeças?
Bicho do Mato - O Bicho do Mato é uma banda de canções. Esse é o nosso objectivo primordial, e como tal não pretendemos perder-nos em exercícios de exibicionismo técnico ou numa complexidade que nos afaste daquilo que mais gostamos, que é o contacto directo com o público. Nesse aspecto, nunca será um bicho de sete cabeças.
Sem comentários:
Enviar um comentário