07/06/2018

MARIA JOÃO FURA | Discurso Direto


"Fura" é o disco de estreia de Maria João Fura que chegou recentemente às lojas com o apoio da SPA e da GDA respectivamente. Com fortes melodias tecidas por vários estados de alma, que se desenvolvem numa ambiência que viaja entre a Bossa-Nova, o Soul, o Pop-Eletroacústico, o Cool Jazz e a World Music, o disco masterizado por António Pinheiro da Silva, é um projeto pessoal amadurecido. A cantautora que se acompanha à guitarra contou também com a participação de diversos músicos do panorama musical atual na gravação deste trabalho. Hoje em "Discurso Direto" é minha convidada Maria João Fura.

Portugal Rebelde - A música e o tocar de instrumentos fizeram parte da sua vida desde muito nova. Gravar um disco esteve sempre nos seus planos?

Maria João Fura - Nos planos não, mas agora é que percebo que no sonho sim. Comecei realmente muito cedo a aprender música, ainda em criança, com 7 anos, na altura iniciei no clarinete. Com 14 anos aprendi a tocar guitarra sozinha e até comecei a tocar Bossa Nova, tudo de ouvido, porque ainda não havia internet nessa altura. Só aos vinte e poucos anos é que fui para o conservatório, onde estudei guitarra clássica e depois licenciei-me em Musicologia na FCSH da Universidade Nova de Lisboa. Em 2012 fiz mais de vinte canções em dois meses e na altura não pensava em gravar. Mas desde o primeiro concerto que apresentei estas canções, que as pessoas me pediam o disco e diziam que queriam levar as canções para casa, para poderem ouvir mais vezes. Foi assim que comecei a ver que realmente tinha de fazer o disco, até porque todos os temas eram originais e continuei a compor e a ter mais canções.

PR - Que viagem musical nos preparou para este disco de estreia?

MJF - Estas canções viajam por vários estados de alma e têm fortes melodias que se desenvolvem numa ambiência que viaja entre a Bossa-Nova, o Soul, o Pop-Eletroacústico, o Cool Jazz e a World Music. São todas em Português e abordam o quotidiano atual com ironia. Duas das canções do disco foram selecionadas para os prémios Zeca Afonso e Ary dos Santos, que são o “Serei Feliz Por Acaso” e o “Mais um Gole”. Todas estas canções primeiro foram tocadas em concerto e depois é que foram gravadas. Este processo foi muito bom porque tornou o disco mais orgânico e as canções ficaram mais maduras, no contacto com o público.

PR -  “Serei feliz por acaso” foi a canção escolhida para single de avanço deste álbum. Este é o tema que melhor caracteriza o “espírito” deste “Fura”?

MJF - Esta canção foi escolhida por ser a que tem o refrão mais fácil e “orelhudo”, mas não acho que caracterize todo o disco. Tenho um bom grupo de seguidores que conhecem bem o reportório e cada pessoa tem a sua preferência e posso até dizer que talvez a mais consensual seja o “Fui Eu”. O “Fura” tem 12 canções diferentes entre si, onde cada uma tem o seu universo. E estou contente com essa diversidade, que era um dos objetivos que tinha para este disco. O que eu pretendia era seguir naturalmente o ambiente que cada canção pedia, pois as canções já eram diferentes na sua estrutura formal. Depois foram usados instrumentos diferentes em algumas canções que acentuaram mais essa diversidade. Como a secção de metais no “Fogo de Artificio”, com arranjo do Diogo Duque; a guitarra de Jazz do Afonso Pais, no “Aconteça o Que Aconteça” e o quarteto de cordas na “Inquietação do Mergulho”, com arranjo do Hugo Fernandes. Neste momento preparamos já o lançamento do 2º single, que vai ser o “Fogo de Artifício” e terá também um videoclipe a ser lançado em Setembro.



PR - Já teve a oportunidade de apresentar as canções deste disco em Lisboa e no Porto. Como é que o público recebeu estas canções?

MJF - Os concertos correram muito bem com sala esgotada em Lisboa no Teatro do Bairro (com o apoio da Sociedade Portuguesa de Autores) e no Porto na Casa da Música. Este disco era muito esperado por o público que há seis anos segue o projeto e que já conhece bem o trabalho e que sabe as letras todas. Por isso, os concertos foram uma festa com o público a cantar os refrões das canções, aliás como é habitual nos meus concertos. Mesmo no Porto, onde nunca tínhamos tocado, fomos muito bem recebidos. No final do concerto tive muitas pessoas a falar comigo e a dizer que não conheciam e que tinham gostado muito. Acho que estas canções crescem sempre em concerto e que têm um púbico muito abrangente. Tanto em Lisboa como no Porto estiveram muitos estrageiros a assistir, que também me felicitaram e compraram o disco e que me disseram que apesar de não terem entendido a letra, tinham gostado muito da música. Vamos continuar na estrada a apresentar o “Fura”, pois o projeto ganhou a candidatura de apoio a tour da Fundação GDA- Gestão do Direito dos Artistas e iremos estar em concerto em várias cidades do País.

PR - Para termina, numa frase como caracterizaria este disco?

MJF - O “Fura” é um disco sem preconceitos estéticos, recheado de canções maduras e “orelhudas”, mas não obvias!

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