Março, mês da Primavera e de renovação da natureza, traz também emmy Curl de volta a Portugal, para uma digressão muito especial. Atualmente a viver na Dinamarca, a artista transmontana regressa a Portugal para apresentar o seu mais recente álbum "ØPorto", com vários espetáculos de norte a sul do país. Em Lisboa e no Porto, emmy Curl contará com um conjunto de convidadas especiais, desde o soul, folk e eletrónica ao indie pop, que a ajudarão a dar corpo a um espetáculo no qual não faltarão canções tão pessoais como "Dança da Lua e do Sol" ou "De que é Feito". Estes e outros singles marcam presença na digressão de Março, uma oportunidade única de conhecer o universo feminino, espiritual e aventureiro de emmy Curl. "ØPorto tem apresentação ao vivo marcada para 6 de Março no Musicbox, em Lisboa e 20 de Março em Vila Real. Hoje em "Discurso Direto" é minha convidada emmy curl.
Portugal Rebelde - Este novo disco tem o “coração” n´ØPorto. Esta foi uma forma de homenagear uma cidade que tão bem conheces?
Emmy Curl - Uma forma de homenagear e de deixar marcada uma etapa da minha vida tanto pessoal como profissional. Quis retratar a cidade da melhor forma que consegui e senti. A atmosfera da cidade invicta é densa e cheia de espectros, uma amostra visual e social do choque entre o antigo e o novo. Da maneira “antiga” de viver com a recente. Vivi com idosos e jovens, presenciei a mistura da tecnologia com os velhos costumes. A venda das casas e a despedida de décadas da geração passada, a frieza, a transformação mas também uma abertura para um mundo mais aberto a novas ideias e a experimentações, onde se experimentam novos tipos de vivência, comunidades underground, o jazz, a boémia, o techno, a beleza da noite do porto e o nascer dos dias por entre as casas que são elas as próprias montanhas. É um sítio muito idílico e que, por certo, me inspirou a compor a cada voltar a casa.
PR - “Aliados”, “Rua de Cedofeita”, “Passos Manuel” são alguns dos temas que fazem parte deste disco. Como é que surgiram estes “retratos” da cidade?
Emmy Curl - Os Aliados dispensam apresentações, é a zona central do Porto, aquela que nos deparamos quando saímos em São Bento, se viermos de comboio. A abertura do álbum (Aliados) é inspirado num momento em que me encontrei sentada nas escadas em frente à câmara do Porto, num pôr-de-sol algures em Agosto com a vista para os Aliados. A rua de cedofeita era a rua que fazia sempre para voltar a casa nos últimos dois anos que lá vivi. Passos Manuel era o bar onde saía muitas vezes à noite, e ouvi muitas coisas que me inspiraram para o lado electrónico do álbum. Cada sítio tem muitas histórias, com amigos, amantes, encontros inesperados, paixões e muitas coincidências.
PR - Em “Devesas” é o sentir da cidade fora do Porto?
Emmy Curl - A vista de quem está nas Devesas é uma das mais belas vistas do Porto. A cidade é uma montanha e era para mim, muitas vezes, o meu maior exercício de distanciamento de tudo, quando queria ter uma ideia mais clara sobre algo. Uma espécie de meditação, pois põe toda a cidade numa amálgama de vivências.
PR - O vídeoclip do tema “De que é feito” foi gravado na serra do Alvão, em Vila Real. Como é que foi este regresso a “casa”?
Emmy Curl - O tema “De que É Feito” Surgiu quando estudava a canção de Nick Drake “Riverman”. Foi um tema que decidi que fosse interventivo, no sentido em que falasse de algo que para mim faltasse no mundo, que é a consciência perante a Natureza. Ora não haveria sítio mais perfeito que a zona do Alvão, da minha terra. Tinha já há muitos anos a ideia de vestir os caretos de Lazarim que são os meus favoritos e utilizar a arte imagética da minha região ao combinar com algo que ainda está presente para quem vive no monte. A simplicidade de viver. Voltar a casa, principalmente depois do túnel do Marão, seria apenas uma hora e portanto voltei muitas vezes para saborear a montanha.
PR - Numa frase como caracterizarias este “ØPorto”?
Emmy Curl - O "Øporto" tem um propósito, simboliza a dualidade desta cidade. O antigo enfrenta o novo. O álbum também se encontra dividido, a primeira parte até à Undressed é sobre a Natureza, o dia e o antigo e a segunda é sobre a tecnologia, a noite e o novo.
PR - O Porto será sempre para ti uma cidade inspiradora ?
Emmy Curl - Sem dúvida. A cidade onde vivemos é a nossa comunidade, hoje em dia é difícil viver esse conceito mas foi esse o exercício que tentei fazer quando lá vivi. Beber ao máximo a cultura, as pessoas, as vivências e experiências. São momentos que nunca esquecerei e felizmente fiz algo que vou agradecer no futuro, retratei essas memórias em estado eterno. Quem as ouvir vai perceber melhor.
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