Foi no subúrbio do Rio de Janeiro, onde cresceu, que Leo Middea descobriu o gosto pela música. A história começou aos 14 anos, quando aprendeu violão para impressionar uma menina por quem se apaixonou. Com o primeiro disco na mão “Dois” (2014), Leo iniciou a sua jornada musical e acabou em Buenos Aires realizando cerca de 23 concertos pela Argentina no ano de 2015. mudou-se para Lisboa e essa mudança trouxe mais de 70 concertos em Portugal, assim como concertos em Espanha e França. “Vicentina” (2020), o terceiro disco do artista chega com produção de Paulo Novaes, arranjos de Polivalente e participação do cantor Janeiro, abrindo novos espaços de reconhecimento. Hoje em "Discurso Direto" é meu convidado o carioca Leo Middea.
Portugal Rebelde - “Vicentina” é fruto de momentos delicados que viveu em 2018?
Leo Middea - Sim, em 2018 estava passando na minha cabeça desistir da música já que viver dela estava tão difícil. Nesse momento eu fiz uma viagem para República Checa e lá eu vi que no meu telemóvel continha muitas música ainda não lançadas e que eu havia feito durante esse meu momento em Portugal. Liguei para o meu amigo, Paulo Novaes também cantor e compositor que morava em Lisboa na altura, e disse pra ele que queria que ele produzisse meu novo álbum. Ele aceitou e assim começamos a produção.
PR - Este disco traz referências a Caetano Veloso e Gilberto Gil. Estas figuras serão sempre incontornáveis na sua música?
Leo Middea - São minhas maiores influências, é impossível eu fazer uma canção e não associar alguma característica dela em alguma influência de ambos. São meus gurus.
PR - Este disco marca também a sua mudança para a Europa. Podemos encontrar neste disco algumas “influências” de Lisboa?
Leo Middea - Completamente, Bairro da Graça e Rua de Angola 7 são as canções mais explícitas, porém em todas as músicas há alguma ligação direta ou indireta com a cidade. Não tem como fugir. A música para mim é uma fotografia da vida, se estou aqui, é quase involuntário a minha comunicação de aspetos da cidade.
Leo Middea - A “Rua de Angola 7 “ foi a rua que eu morei nos Anjos a maior parte do tempo. Hoje já estou em outra rua, mas lá eu vivi minhas primeiras experiências de Lisboa. Essa canção eu fiz para meu amigo Rogério Candian, que vivenciou essas primeiras experiências comigo , e essa canção foi a minha forma de despedida da casa. Já a "Bairro da Graça" , o próprio bairro em si me inspirou, eu o frequentava muito assim que cheguei pois muitos amigos viviam ali, então cada detalhe dessa música é uma inspiração de certa forma da Graça.
PR - De que é que nos fala o tema "Sorrindo Pra Saudade”?
O tema "Sorrindo Pra Saudade" eu compus assim que cheguei em Lisboa, eu vim por intuição própria, e isso demandava uma separação de tudo a minha volta no Rio de Janeiro. Ela fala sim de um amor mas também fala sobre o próprio amor. "Perdoa amor mas segui o meu tarot" é real, eu joguei tarot antes de vir para Lisboa para ver se o que eu sentia tinha algum tom de realidade. A canção pode ser interpretada de vários formas e eu adoro como cada pessoa lida com essa música. E é aí que tem a graça de toda história!
PR - Para terminar, a que se fica a dever a escolha de “Vicentina” para título deste disco?
Leo Middea - Vicentina era uma amiga da minha avó, que veio da Itália para o Rio assim como minha avó. Ela faleceu há muitos anos porém ficou uma imagem na minha cabeça, que era ela sussurrando aos meus ouvidos quando eu tinha 4 anos que quando eu crescer iria ser cantor, mesmo eu só vindo a tocar um instrumento 10 anos mais tarde. Como eu já estava gravando meu terceiro disco, vi que realmente me tornei cantor como ela previu naquele momento, então decidi colocar o nome dela como forma de homenagem à sensibilidade dela.
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