25/07/2013

RICARDO GORDO | Discurso Direto


Ricardo Gordo, aluno do 3º ano da licenciatura em Guitarra Portuguesa do IPCB/Escola Superior de Artes Aplicadas, acaba de lançar o EP "Fado Metal", um disco, que segundo o músico é uma espécie de  "Portuguese guitar meets heavy metal!". Ricardo Gordo, apresenta no dia 30 de Agosto, no Festival do Crato  o seu "Fado Metal".

Portugal Rebelde - Antes de mais, como é que surgiu a ideia de “casar” a guitarra portuguesa com temas próximos do heavy metal?

Ricardo Gordo - Não surgiu. Nunca foi um objectivo casar a guitarra portuguesa com o heavy metal. O que aconteceu foi que sempre senti necessidade de compor os meus temas. Desde as minhas bandas de garagem da adolescência até hoje, é uma necessidade constante e involuntária. Apartir do momento em que descobri a guitarra portuguesa e comecei conhecer a sua técnica tradicional compus com a mesma linguagem que já usava na guitarra eléctrica. Assim, esta sonoridade resulta numa mistura de influências entre a música tradicional e o metal.

PR - "Fado Metal", é um disco capa de agradar a fadistas e a metaleiros?

RG - Este EP é um disco que, eventualmente, agradará a qualquer pessoa que aprecie a sonoridade de instrumentos acústicos ou ritmos modernos.

PR - Este EP, é um disco que anuncia um trabalho de maior fôlego. Já há alguma data prevista para a edição desse álbum?

RG - Gostava de conseguir apresentar o álbum em Novembro deste ano. Grande parte das músicas está gravada, mas ainda estou na fase de escolha de temas.

PR - Incomoda-o o que os “puristas” do Fado possam dizer sobre este “Fado Metal”?

RG - Não. Penso que o fado está a sofrer uma “modernização” há alguns anos, e esta tem sido bem recebida. A causa deste fenómeno tem a ver também com a sonoridade da guitarra portuguesa actual. Esta evoluiu enquanto instrumento, os guitarristas estão melhores, pois, existe uma absorção enorme de outras influências nesta nova geração de fadistas e guitarristas. Penso que fui fruto dessa modernização também. Não só por ser um ouvinte afoito de metal mas também por ser aluno do mestre Custódio Castelo, que sempre incentivou a continuar com as minhas composições sem recear as críticas dos “puristas” que referiu. Para terminar, partindo do princípio que o meu trabalho é genuíno, não tenho qualquer receio de não agradar a gregos e troianos.

PR -  Numa frase apenas como caracterizaria este “Fado Metal”?

RG - Portuguese guitar meets heavy metal!
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PR - Para terminar, a consagração do Fado como Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO, fez com que os jovens (re)descobrissem a guitarra portuguesa?

RG - Sim, houve um despertar para o que se faz no nosso país, e felizmente, esta consagração dá-se numa altura em que se faz boa música moderna com a guitarra portuguesa. Temos, neste momento, guitarristas excelentes que facilmente prendem os jovens à cadeira. A técnica está mais apelativa para os jovens, e além disso, o facto de estarmos numa fase tão permissiva no que diz respeito a “misturas” com o tradicional, também ajuda.


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