A celebrar 10 Anos de estrada, os Nobody´s Bizness lançam o seu segundo álbum, "Donkey". Neste novo trabalho, os blues continuam a estar presentes como essência inspiradora da música da banda, sendo cruzados com a folk norte-americana, o jazz ou a música country. Hoje em "Discurso Direto" damos "voz" ao disco mais teimoso do ano - "Donkey".
Portugal Rebelde - Os Nobody's Bizness estão a celebrar 10 anos na estrada. Para celebrar este marco lançam o seu segundo álbum de estúdio. O nome escolhido para o álbum, “Donkey”, nasce também da vontade da banda de ajudar a Burricadas - Associação para a Preservação do Burro, uma associação que recolhe e protege burros maltratados. Querem falar-nos um pouco deste projecto?
Nobodýs Bizness - Já tínhamos vontade de apoiar uma associação de protecção de burros - inicialmente do burro Mirandês - desde que pensámos no conceito do disco, mas quando descobrimos que na Burricadas o trabalho que se fazia ultrapassava largamente o proteger uma raça específica e era essencialmente resgatar os que à partida já não teriam resgate, apontámos o coração (e a música) para ali. O que encontrámos quando visitámos a associação foram animais que serviram famílias durante décadas e que por um motivo ou outro foram abandonados à sua sorte, negligenciados, abandonados ou vendidos para abate em condições físicas inacreditáveis. São animais dóceis e leais que merecem outra sorte. A Burricadas permite-lhes uma segunda oportunidade.
PR - A propósito deste disco Francisco Silva escreveu: “Donkey” é um disco à moda antiga, e os Nobody’s Bizness uma banda teimosa e anacronicamente tradicional.” Comungam da ideia partilhada pelo Francisco?
NB - Absolutamente! Somos burros muito teimosos! Acho que é preciso uma grande dose de teimosia para insistir em fazer a música de que gostamos, sabendo que à partida será uma coisa de nicho e tentar que tudo seja feito sem recorrer a grandes fogos de artifício.
PR - É verdade que neste segundo trabalho, continua a estar presente a essência da música que vos inspirou, mas acrescida da vossa criatividade e da visão de uns blues novos, cruzados com a folk norte-americana, o jazz ou a música country?
NB - Gostamos de pensar que sim. Inspira-nos a música que ouvimos mas num tempo que é nosso e não de quem crescemos a ouvir. Se conseguirmos mantê-la presente no que fazemos mas ainda assim escrever algo nosso, que consegues identificar como tal, então o estamos onde queremos estar. Todos esses universos são o nosso.
PR - “People I Wish For”, foi a canção escolhida para a apresentação deste “Donkey”. Esta é a melhor porta de entrada para descobrir este disco?
NB - A escolha do single é sempre difícil. Podia ter sido outra, na verdade, mas o People I Wish For representa o tema que foi para nós o momento de viragem. Sofremos alterações profundas nos últimos dois anos e esta canção é o elo de ligação entre o disco anterior e o Donkey. Neste prisma, faz todo o sentido que entrem na nossa nova casa por aqui.
PR - Numa frase apenas como caracterizarias o álbum “Donkey”?
NB - É o disco mais teimoso que vão ouvir este ano.
PR - Para terminar, que memórias guardas de 10 Anos de Nobody´s Bizness?
NB - Ui! Temos tantas! Uma década dá para arrecadar muita coisa, afinal. Acho que guardo sobretudo a sorte que temos em nos termos encontrado uns aos outros. É um privilégio raro tocar com músicos que são mais do que amigos, são família. Isso e a alegria quase infantil sempre que conseguimos pôr um disco na rua. We are the lucky ones.
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