05/03/2017

TOQUES DO CARAMULO | Discurso Direto


Depois de “Toques do Caramulo é ao Vivo!” (2007) e “Retoques” (2011), o projeto criativo mais identitário da d’Orfeu lança novo disco. “Mexe!” tem selo d'Eurídice, braço editorial da d'Orfeu AC. Este álbum de sons resgata os primeiros viras retocados, reminiscência da dança. E deslinda recolhas de palavras bem ditas, ecos de festa na boca da serra. Traz ainda modas pintadas de fresco que, velhas, mexem todas só de vestir novo. Cinco anos depois, Toques do Caramulo regressam à origem para apresentar o novo álbum “Mexe!” no palco das Sextas Culturais (Águeda), a 10 de Março pelas 22.00h. A noite promete ser memorável com a presença de alguns convidados especiais. Hoje são meus convidados em "Discurso Direto".

Portugal Rebelde - Quando por alturas da gravação deste disco se gritou “Não Mexe!”, alguma vez imaginaram que estava (quase) encontrado o título deste álbum?

Toques do Caramulo - Foi nesse preciso momento. O paradoxo da situação, entre o desastroso e o hilariante, ajudou a batizar um disco que estava ainda numa fase precoce das gravações. O disco vem a ser editado apenas três anos mais tarde, mas o título ficou ali encontrado. E é um título que identifica claramente uma música viva, como a queremos.

PR - “Mexe!” conta com as participações especiais de Eliseo Parra e Hermeto Pascoal. Querem falar-nos um pouco destes “encontros”?

Toques do Caramulo - O Hermeto Pascoal, génio maior da música em todo o mundo, teve uma passagem por Portugal há uns anos para tocar no Festim. Numa noite de tertúlia na d’Orfeu (no dia em que celebrou os seus 70 anos), ouviu o Padre Nosso dos Músicos e quis fazer o Som da Aura. Não quis acreditar quando, passado poucos meses, me enviou as faixas áudio que se ouvem no “Mexe!”. Foi um presente incrível, é algo inédito que agora é dado a conhecer ao mundo através deste disco. Quanto ao Eliseo Parra, nuestro hermano, passou também no Festim e noutras realizações d’Orfeu, enquanto grande conhecedor das músicas de tradição ibérica. E pareceu-nos oportuno criar essa ponte com a sua experiência, motivo pelo qual o convidámos para, junto com o igualmente grande músico Manuel Maio, produzir este nosso novo disco. Boa parte das gravações foram realizadas em Espanha, no estúdio do Eliseo, perto de Ávila, onde vive.

PR - “Mexe!”, será sempre sinónimo de dança e festa para os Toques do Caramulo?

Toques do Caramulo - Toques do Caramulo é o seu reportório. O que tocamos e recriamos são modinhas que sempre foram dançadas. Tanto que, nos primeiros anos, os concertos eram simultaneamente oficinas de danças serranas. O movimento, a interação e a festa são dimensões indissociáveis ao projeto, julgando nós ser também herança da alegria das gentes que, serra abaixo serra acima, foram tornando populares estas modinhas.

PR - Numa frase como caracterizariam este disco?

Toques do Caramulo - A memória do percurso e a vontade de um pulo.

PR - No próximo dia 10 de Marco apresentam as canções deste disco no Cine-Teatro São Pedro, em Águeda. O que é que o público pode esperar deste concerto?

Toques do Caramulo - Será a oportunidade de, após as últimas digressões, tocar e cantar com o público da nossa terra, aquele que melhor conhece as modinhas de Toques do Caramulo na sua forma original e que, de alguma forma, acompanhando o percurso e os discos, torna também suas estas recriações. Esperamos que seja uma festa bonita. Teremos os convidados do disco connosco, em palco. Será uma noite certamente especial.

PR - Para terminar, que memórias guardam destes 10 anos de canções?

Toques do Caramulo - São 10 anos de discos (o primeiro, ao vivo, foi gravado em 2007), mas 17 anos de modinhas, pois o projeto teve as suas primeiras atuações no ano 2000. Daí para cá, muitos concertos, três discos, digressões a dez países diferentes, muito convívio e muita dedicação de tantos músicos, ao longo destes anos. E a eterna festa de uma música que há-de sempre existir.


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