27/07/2017

BIÉ | Discurso Direto


"Desert venice" (2016), é este o nome para a primeira aventura musical de BIÉ, alter-ego de Rafael Fernandes, músico transmontano de música não tanto transmontana. Hoje em "Discurso Direto" é meu privilégio receber BIÉ.

Portugal Rebelde - Antes de mais, quem é este jovem músico que assina por BIÉ?

BIÉ - Sou o Rafael Fernandes, do concelho de Sabrosa, vila de São Martinho de Antas. Estudei os meus anos de secundário em Vila Real, no curso de artes visuais, e sempre foi por estas áreas que me movi, sejam as artes visuais ou a música. Este ano frequentei a Universidade do Porto no curso de História da Arte, mas saí, pois quero estudar Produção Musical e vou fazer os possíveis para entrar na ESMAE para tal fim.

PR - “Desert Venice” é o título deste teu primeiro EP. Que viagens sonoras podemos descobrir neste disco?

BIÉ - Este E.P. consistiu essencialmente numa decisão minha de lançar, com muita vontade, algo do que já vinha a fazer para o mundo. Comecei a escrever música por volta dos 15 anos, e com 17 ou 18 decidi reunir 4 ou 5 músicas e gravá-las em condições que me com gente de mais experiência. Conheci as pessoas certas na cidade de Vila Real, praticamente todas bem mais velhas e experenciadas, e gravei o disco em Vila Nova, no estúdio de um agora amigo e colega de banda, Vitor Hugo Ribeiro. O disco é toda uma experiência, que quisemos manter simples, em torno de 5 temas, em que não quisemos embelezar com exagero. O meu intuito foi também ter uma primeira experiência de estúdio em que descobrisse o que está por detrás do que é "gravar um disco", devo dizer que ainda me apaixonou mais a ideia de fazer isto vida. Pode dizer-se que é um disco de verão, pois tem muitas texturas quentes na sua composição, mas não será assim tão linear. A primeira e última música afastam-se do "folk" assumido nos 3 temas do meio. O single "Song For The Ones Who Breathe" tem a maior produção destas 3, e foi a música que eu achei, e acho, representar da melhor forma a música que eu estava a fazer e explorar. Dos sintetizadores, solo de guitarra sentido e planeado, e 4 acordes em Loop do primeiro tema, estilo "carta de amor", "Desert Venice", passamos ao "single", e encontramos depois duas músicas que são assumidamente "folk", "About Beer & You" (a única acústica) e "Hills".. Pode dizer-se que até aqui tudo tem "amor" pelo meio, mas tento não ver o disco apenas dessa forma. A última música (que tenho muita vontade de regravar numa versão mais enérgica, limpa mas agressiva) é algo mais ritmado, mais rock n´roll que eu quis incluir, e tal como as outras, tem uma letra calculada e da qual ainda gosto bastante, e uma entrega vocal que sai um pouco da matriz dos outros temas. E é assim o disco, por vezes romântico, ora a abordar de forma ligeira outros temas, mas essencialmente uma experiência de estúdio "Folk Rock" calculada, de quem planeia muita música mais, e por vezes bem diferente e mais complexa, para o futuro.

PR - Este EP revela-nos com muita clareza os teus gostos musicais?

BIÉ - Penso que não será difícil para quem ouvir este disco perceber que gosto de música Folk, que gosto das palavras e da simplicidade. Mas coisas como o Rock N´Roll assumido, o punk rock, a música soul, os Blues e a música Indie e Alternativa mais recente também fazem parte do meu ADN. Vou de David Bowie a Bon Iver em 2 segundos. Por vezes de Muddy Waters aos Dead Kennedys, do Tim Buckley aos Pearl Jam, dos Led Zeppelin a Arcade Fire.. Nem sei, centenas de coisas que me divertem e advertem a mente 24 horas por dia. Ainda assim, não posso negar, claro que no disco podem ser pensadas e adivinhadas com alguma facilidade influências musicais em mim.

PR - O single de avanço deste disco foi “Song for the ones who breathe”. Este é o tema que melhor caraceteriza o “espírito” deste EP?

BIÉ - É um tema de melodia positiva, e letra nem positiva nem negativa, apenas "metáforas" e realidades de que me servi e com as quais ainda concordo. Uma música de verão; mas mais pelo vídeo que outra coisa.

PR - Já tiveste a a oportunidade de apresentar as canções deste EP. Qual tem sido “feeback” do público?

BIÉ - O público tem sido muito generoso nas suas palavras. A música já chegou aos ouvidos de gente à qual eu nunca pensaria chegar tão rápido, e desde a pessoa mais simples até aos mais "musicalmente educados", a música é-me descrita como no mínimo, e sempre, agradável, e no máximo surpreendente e viciante. É bom receber também críticas por vezes, mas nunca foram senão construtivas. Estou a achar muito positivo receber um feedback tão sentido e ativo de todos os que ouvem a minha música.

PR - Numa frase como caracterizarias este “Desert Venice”?

BIÉ - Uma tentativa de transformar a experiência da adolescência em algo mais épico e eterno, sem sair de 5 simples músicas.

PR - Para terminar, para quando é que poderemos esperar a edição do teu primeiro álbum?

BIÉ - Na verdade, vou gravar o meu primeiro álbum este ano ainda, e provavelmente lançá-lo também. Em princípio serão 8 músicas gravadas com as mesmas pessoas e outras, e um álbum mais completo em termos instrumentais, mais diversificado, mais atrevido e ambicioso até. Mas sim, este ano.


1 comentário:

Bitó disse...

Ficamos esperando esse álbum, Bié.

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