20/01/2018

PELTZER | Discurso Direto


Algo capaz de ser resolvido, criado, inventado. É esse o significado da palavra "Devisable" que dá título ao álbum de estreia de Peltzer, duo de música electrónica constituído por Rui Gaio e Cató Calado, que hoje recebemos em "Discurso Direto".

Portugal Rebelde - “Pop de recorte sofisticado, marcado por imagens de alguma negritude”. Esta é uma boa definição para o álbum “Devisable”?

Cató Calado - Naturalmente somos de uma geração depressiva, que cresceu a ouvir a música dos The Cure, Depeche Mode, Nick Cave, Nirvana, onde uma espécie de escuridão está sempre presente. Tem que ver com melancolia e não tristeza. Hoje a negritude é retumbante e assustadora: aquecimento global, Donald Trump, teorias da conspiração, terrorismo etc., tudo isso está no nosso imaginário e queremos fazer parte do nosso tempo e expor os lados negros.

PR - Este disco conta com a participação de Francisco Rebelo, um dos mais reputados músicos e produtores deste país. O resultado final deste álbum fica-lhe muito a dever?

Rui Gaio - O Francisco aceitou o convite para produzir Devisable porque gostou das canções e achou que as podia fazer florescer. Foi exactamente isso que aconteceu, nos três anos que passou connosco em estúdio percebeu as nossas influências, os nossos gostos e para onde queríamos levar as canções. Acabou por as levar muito além do que algum dia imaginámos.

Cató Calado -  O disco foi feito a três, mas é indiscutível que há temas em que se sente mais o trabalho do Franciso: tocou baixo e guitarra e, ao nível estrutural, onde eu e o Rui não nos entendíamos, foi crucial a sua intervenção. Ele é absolutamente genial, trabalhador incansável e tem um coração gigante. Todos deviam ser como o Chico.

PR - Gomo e Nuno Barreiro são convidados em dois temas deste disco. Querem falar-nos um poucos destes “encontros”?

Rui Gaio -  Gostava também de salientar as programações percussivas que o Miguel Urbano há muito havia criado para Motion, o tema mais antigo que conta também com o baixo do nosso camarada de palco Paulo Barreto; a bateria do Lito Pedreira em Break Lance e a voz mágica do Anthony em Them, um amigo querido que nos deixou e a quem dedicamos o disco.

Cató Calado -  Não será a primeira vez e julgo que já há alguma tradição em partilhar o primeiro LP com várias pessoas com as quais se tem alguma afinidade e reverência. Há histórias com todos eles, mas o mais importante é a contribuição para a riqueza e diversidade musical do álbum.

PR - Qual é o tema que melhor caracteriza o “espírito” deste “Divisable” ?

Cató Calado -  Prefiro pensar no álbum todo como uma só entidade, que terá um espírito próprio depois de algumas audições. Foi com esse “espírito” em mente que fizemos o disco.

PR - No próximo dia 27 de Janeiro apresentam as canções deste disco no Maus Hábitos (Porto). O que é que o público pode esperar deste concerto?

Rui Gaio -  Ao vivo, o público pode esperar uma nova interpretação dos temas, reduzindo algumas das canções ao essencial enquanto outras são enriquecidas com baixo e bateria, com toda a energia que Paulo Barreto e Lito Pedreira têm para oferecer. Quem conhece o disco talvez se surpreenda com a intensidade que alguns destes temas ganham quando são tocados em cima de um palco.

Cató Calado -  Mais do que uma apresentação, vamos tocar a uma festa de Aniversário e daquelas de arromba. Como tem sido hábito, acho que vai ser impetuoso...

PR - Numa frase como caracterizariam este disco?

Cató Calado -  Dividimos a menor unidade reconhecível da música onde o inciso é incompleto em si mesmo.

Rui Gaio -  Não está mau.




Sem comentários:

/>