Inês Pimenta cedo se encontrou na música. Estudou-a até querer, e distraiu-se com afinco na Arquitectura, no design, na ponderação e na timidez. Lança o seu EP pela Sintoma Records, “Son of Daedalus” onde Ícaro é só a personificação daquilo que quer cantar. Não ter medo. As canções são o percurso e as histórias que vive e que vê, são também a música que ouve e que ouviu. O tom é jazzistico e também a formação. Contudo, com atenção conseguimos perceber-lhe os cantores/compositores do brasil, a progressividade do rock, o sonho. A poucas horas de apresentar as suas canções no Hot Club de Portugal (5 de Dezembro), Inês Pimenta desvenda hoje em "Discurso Direto" as canções do seu primeiro EP.
"Falar dos meus temas será sempre falar de mim e falar daquilo que se vejo.
Primeiro de tudo, "Son of Daedalus" pretende-se ser entendido para lá das suas canções Queria dar-lhe uma dimensão visual, pois para mim a música não vem desassociada de cor, espaço ou lugar. É uma coisa inteira. É uma história e tem imagem. À semelhança de uma peça o EP cresce em actos. (Se calhar isto foi tudo uma grande desculpa para fazer uma data de coisas que queria ver feitas, como vídeos, música, letras. Contudo quero crer que não.)
O primeiro acto, o voo, começa com o tema "Tez". A música fala deste réu que todos acabamos por ser, mas que nos alavanca para algo maior. É neste momento que percebemos os heróis, um herói segue em frente, mesmo que perca, não dá lugar ao medo, percebe-se na luta.
O segundo acto, que se faz sentir com o tema "Sem Pressa", anuncia a consciência, o voo de Ícaro. Ir na forma de coragem, perceber o valor da mesma e perceber que falhar, cair ou ceder não é antónimo de evolução. “Consentir a ida é um lugar sem pressa”. A ansiedade de uma resolução maior, inimiga, deixar cair o ideal é muitas vezes a libertação.
O terceiro e último acto acaba com "Ícaro", onde a beleza da transformação se faz no momento em que achamos tudo ter fim. A queda é, em boa verdade, o Sol que queremos tocar e no qual importante acreditar."
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