19/03/2021

LUÍS PEIXOTO | Discurso Direto


Luís Peixoto é um dos mais consagrados cordofonistas portugueses. Depois de integrar e acompanhar inúmeros grupos e artistas como Dazkarieh, Sebastião Antunes, Júlio Pereira ou Ana Bacalhau, em 2017, lançou a solo o disco "Assimétrico", trabalho que mais reconhecimento teve. Sempre à procura de novos caminhos musicais, e continuando em nome próprio, "Geodesia" é o nome do novo trabalho discográfico com uma sonoridade acústica e centrada, maioritariamente, no bandolim. Entre recriações de temas tradicionais e composições originais, "Geodesia" assume-se como uma viagem sonora, que confirma Luís Peixoto como um dos mais criativos e virtuosos multi-instrumentistas portugueses. Hoje em "Discurso Direto", Luís Peixoto revela as 12 canções deste disco.

Volta a Trás
 
É um conjunto de 3 temas, o primeiro é o Canedo (tradicional das terras de Miranda), o segundo é a Alvorada Sanabresa (tradicional de Rio de Onor) e o terceiro é original inspirado em Trás os Montes.


Corridinho da Chispa

É também uma junção de 3 melodias. A Primeira é original que dá o nome à composição, Chispa é uma partícula luminosa que salta, uma fagulha ou uma faísca, achei que era um bom nome para um corridinho. A última é um corridinho tradicional de Loulé. A do meio começou por ser uma ponte entre estas duas e não tem nome. A Celina da Piedade é convidada nesta música porque ela é a pessoa com quem mais corridinhos toquei em encontros informais como jam sessions e foi desde logo a primeira pessoa em quem pensei para colaborar nesta música. O convite ao galego Ricardo Mouriño surgiu porque a recolha do corridinho de Loulé está tocada numa flauta pastoril e fez sentido que também houvesse um instrumento de sopro nesta melodia. 

Geodesia 

Geodesia é uma curva que une dois pontos da superfície terrestre. Esta música original dá o nome ao álbum que vive de várias colaborações com amigos músicos que conheci e da ligação que se pode estabelecer através da música. Neste tema o convidado é o percussionista galego Pablo Vergara que toca o Bodhrán. 



Olost 

Olost é o nome de um terra no interior da Catalunha, foi onde eu e o Ciscu Cardona fizemos a primeira residência artistica para este disco. Foi lá que surgiu espontaneamente esta música composta por nós os dois. 

Going Over Distance 

Este tema foi composto quando estive em Cabo Verde há 3 anos atrás mas é certo que a inspiração foi mais ao encontro da música nórdica e por esse motivo convidei o Esko Järvelä. Músico finlandês que conheci na Estónia numa digressão com Dazkarieh. Esta música junta histórias de sítios distantes e por isso recebeu o título. 

Resiliência 

Este tema transmite-me isto mesmo, a capacidade de alguém se poder superar em grandes desafios e dificuldades. Na altura em que foi composto há 2 anos atrás, nunca imaginei que viesse a ter tanto significado como agora neste momento que atravessamos em que muitos de nós estamos a sofrer consequências muito complicadas de uma pandemia. 

Murinheira de Coimbra

Murinheira é uma dança tradicional portuguesa, muito semelhante à muiñeira da Galiza e bastante a associada à gaita de foles. É comum as músicas tradicionais terem nomes das terras de onde vêm. Desta forma decidi dar nome da terra de onde venho ao primeiro tema desta composição. As outras duas murinheiras são tradicionais de Moimenta de Vinhais. Convidados neste tema estão o galego Pedro Fariñas na Gaita de Foles e catalão Ricard Ros na Flauta. 

Xota d’Ibias 

A segunda residência artistica deste álbum teve lugar em Ibias, uma pequena aldeia asturiana na fronteira com a Galiza. Rubén Bada mostrou-me esta Xota ( como um Vira ) tradicional de Ibias. Acabou também, por fazer parte da história deste disco. Neste tema está o meu primo José Peixoto, eu há muito que procurava uma oportunidade para o convidar a pôr o pé numa música tradicional. Não podia ter ficado mais satisfeito com o resultado. 

Chula do Salto 

Esta chula é tradicional do Minho, os fraseados rápidos das concertinas sempre me fascinaram e experimentei copiá-los para o bandolim. Já as quadras foram escolhidas pela cantora Catarina Moura do cancioneiro popular português.

 

Siga a Rusga 

“Até as pedras saltavam a dançar” dizia o meu tio avô quando falava das festas da aldeia da Fonte Longa (Foz Côa) onde a música saia de bandolins e guitarras. Siga a Rusga é uma expressão que vem destas festas doutros tempos em que os músicos andavam de um sitio para o outro pelas ruas. Do país vizinho participa o Juan José Robles, uma referência das cordas ibéricas palhetadas. 

Calçadas 

É uma homenagem às calçadas portuguesas que refletem o sol e que dão uma luminosidade muito característica das ruas do nosso país. Os convidados, Germán López das Canárias no Timple e Hernani Almeida da guitarra ajudaram a dar esta energia de passeio que este tema me transmite. 

Bom Descanso 

É uma música de embalar dedicada aos meus filhos. A Lia já tem 6 e o Max vai fazer 4 anos. Foram eles a fonte de inspiração para esta música.

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