21/03/2025

CAPICUA | Um Gelado antes do Fim do Mundo

Chega hoje às lojas e às plataformas digitais o novo álbum de Capicua, “Um gelado antes do fim do mundo”. Este trabalho foi apresentado ontem à noite no Teatro Tivoli BBVA e sobe ao palco da Casa da Música já no dia 27 de Março. "Um gelado antes do fim do mundo” é um disco sobre o nosso tempo. Fala sobre a sobrevivência da poesia num mundo em colapso, sobre a nossa carência de futuro e de esperança, mas, sobretudo, sobre o encantamento, na arte e na natureza, como antídoto para tudo isso. 

Sendo um disco sobre os complexos tempos que vivemos e seus grandes desafios, é sobretudo um convite à contemplação, no sentido em que convoca o resgate, a partir da arte (em forma de música e poesia), do nosso compromisso com a humanidade. Afinal, o encantamento (que está tão presente na infância e que se erode com o tempo) é o principal remédio para o cinismo, para a falta de empatia, para a incapacidade de tecer novas utopias. 

Este disco convida-nos a limpar as lentes que o tempo foi tornando foscas, para nos deixarmos impactar, para não cedermos ao adormecimento e ao vício da dopamina rápida, para aguçarmos o espírito crítico, para renovarmos os votos com as utopias e não sucumbirmos à angústia vigente e à ansiedade da informação incessante. 

Celebrando a força insubmissa das palavras e da música, como forma de construção de novos mundos, Capicua mistura a palavra dita e cantada com o rap, mostrando-se ora combativa, ora vulnerável, mas sempre profundamente humana. Ora, esse exercício é também um acto de resistência, num mundo em que o exercício poético é tão desaconselhado, em que as máquinas ameaçam substituir-nos até no ato da criação e em que o ensaio de qualquer utopia é imediatamente esmagado pela tecnocracia vigente. 

Com a participação de Gisela João, Sopa de Pedra e Toty Sa’med, instrumentais de vários beatmakers e produção de Luís Montenegro (o grande cúmplice de Capicua na construção deste álbum), perfilam-se doze canções e cinco poemas. No meio de temas mais emocionais, há muito espaço para questões sociais, políticas e ecológicas, misturando-se registos (líricos e musicais), num disco que foi construído a partir da experimentação e do cruzamento de técnicas de composição com instrumentos analógicos, com as ferramentas da música eletrónica, sempre a partir da palavra (declamada, cantarolada e debitada em rap).

 

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