14/05/2022

RUI FERNANDES | Discurso Direto


O músico Rui Fernandes apresenta o disco duplo “A Viola Amarantina”, instrumento de cordas originário de Amarante e também chamada de viola de dois corações devido às duas aberturas frontais em forma de coração. Criador de composições originais, Rui Fernandes, natural de Vila Real, ao ser desafiado a praticar a viola amarantina em 2018 acabou por se dedicar a esta com o intuito de mostrar que esta viola tem muito mais para dar à música do que ser apenas um instrumento de acompanhamento musical. Rui Fernandes, é hoje meu convidado em "Discurso Direto".
 
Portugal Rebelde - O duplo disco “A Viola Amarantina” é de alguma forma um tributo à viola de dois corações? 

Rui Fernandes - É certamente um tributo à viola amarantina e um reconhecimento do potencial que ela tem para muitas formas de música. É também um trabalho feito para mostrar, mas isso serão os ouvintes a decidir, que esta viola tem um som muito bonito e próprio e que é possível utilizar em diferentes contextos. 

PR - Em 2018 foi desafiado para praticar este instrumento. Este instrumento continua ainda “refém” do rótulo colado à música tradicional? 

Rui Fernandes - É exatamente o contrário que eu pretendo demonstrar com as composições que apresento. É natural que quem oiça falar da viola amarantina pense imediatamente em música tradicional ou popular. Isso é bom, porque, primeiro é sinal que conhece a viola amarantina e porque, obviamente, é também o lugar dela. Mas não é o único. O CD duplo demonstra que, a solo, eu toco músicas em que vou buscar técnicas ou “inspiração” ao jazz, ao folk, à música erudita, etc. Em quarteto, embora sejam as mesmas composições, o espírito é outro completamente diferente. Ou seja, era bom que as pessoas reconhecessem que esta viola serve para a Música, ponto! 

PR - O disco oferece duas opções claras de audição: ouvir todas as músicas a solo, onde expõe toda a sonoridade deste instrumento explorando-o timbricamente ou ouvir em versão quarteto. Quer explicar um pouco mais estas duas opções? 

Rui Fernandes - Todas as músicas nasceram e foram primeiro tocadas e divulgadas a solo. Isto quer dizer que as melodias e harmonias foram pensadas para sustentar uma audição que fosse agradável, numa situação em que há apenas um instrumento. Só mais tarde, pedi a um grande pianista e amigo Pedro Neves que ouvisse o projeto e me desse a opinião se seria interessante fazer arranjos para um quarteto. E o resultado é conhecido. O que me surpreendeu e me agradou foi o grande interesse que o som e as composições suscitaram aos outros três músicos (Pedro Neves, piano; Miguel Ângelo, contrabaixo e Ricardo Coelho, percussão), a quem estou eternamente agradecido. 

PR - “A Viola Amarantina” apresenta 11 composições originais criadas para este instrumento português, com claras influências que vão desde a música erudita, ao jazz, passando pelo country e, naturalmente, a música popular portuguesa. Esta é a prova que uma viola portuguesa pode ser útil à música do mundo? 

Isso é exatamente o que eu gostaria que acontecesse. Digamos que é um dos principais objetivos que eu me proponho tentar atingir. O primeiro é claramente ajudar a divulgar esta viola, por todos os meios de difusão e em todos os locais que me for possível. O segundo é, justamente, e porque acredito, que a viola amarantina pela sua particularidade sonora tem muito para oferecer à música e a música tem muito a ganhar com ela. É preciso pois ser ouvida e, ainda mais importante, precisa muito de ser tocada. 

PR - Depois da edição do disco, onde poderemos ver e ouvir “A viola Amarantina”? 

Rui Fernandes - Como não poderia deixar de ser, o CD vai ser laçado publicamente em Amarante no dia 16 de Junho, num concerto a ser realizado no Centro Cultural de Amarante. O Rui Fernandes Quarteto vai também celebrar o dia mundial da música, no dia 1 de outubro, no Teatro de Lamego e, está ainda em cima da mesa uma possível ida até ao Uruguai para participar num festival de guitarra. Outros concertos estão também para fechados mas não há confirmação oficial, neste momento.

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