Hoje em "Discurso Direto" destaque para os Melech Mechaya. Nas lojas já esá disponível "Aqui Em Baixo É Tudo Simples" o 2º disco da banda, "uma ode aos pequenos prazeres da vida". Com a alegria contagiante que caracteriza os Melech Mechaya, "aqui em baixo" fica o registo de uma conversa com o Portugal Rebelde.
Portugal Rebelde - Depois de, em 2009, se estrearem com "Budja Ba",
aquele que foi considerado o primeiro álbum português de música klezmer,
a edição de “Aqui Em Baixo É Tudo É Simples” é mais um “passo” na
consolidação do projeto Melech Mechaya?
Miguel Veríssimo - Sem dúvida que é mais um passo. Agora em que direcção é que não sei...
João Sovina - "Um pequeno passo para o homem, um grande salto para a humanidade!"
João Graça - Um passo importante, um momento de afirmação da identidade do nosso projecto.
Francisco Caiado - Acho que é mais um passo na diversificação do que na consolidação de Melech Mechaya.
PR - ”Este 2º registo inclui 6 temas tradicionais judaicos e 7 temas originais. É esta a “simbiose” que procuram ?
MV - Não definimos previamente nenhuma proporção, tínhamos apenas o
objectivo de compor mais músicas originais do que havíamos feito no
"Budja Ba".
JS - É um bom equilíbrio, tentamos não perder a sonoridade klezmer e ao mesmo tempo fazer o nosso próprio caminho.
JG - Não procuramos livrar-nos completamente do klezmer, ele está lá (no
Aqui em Baixo Tudo É Simples) e persegue-nos várias vezes. Ou então
somos nós que o perseguimos. É mais isso.
FC - Parece-me que a
simbiose que procuramos é integrar as influências individuais de cada um
dos elementos de melech na sonoridade Klezmer que originalmente nos
uniu.
PR - Muito recentemente apresentaram na Casa da Música, no
Porto este disco. Como é que o público recebeu as novas canções dos
Melech Mechaya?
MV - Pelas reacções que chegaram até nós, achamos que receberam muito bem. Foi uma noite memorável!
JS - Apresentar o "Bébé" à família foi um prazer acompanhado de um
nervoso miudinho, mas tudo acabou em bem, não houve choradeira nem
surpresas desagradáveis nas fraldas, - o puto tem um granda par de
*******!!!
JG - Foi um concerto intimista, muito próximo
(literalmente) do público. O final foi apoteótico com o revivalismo
supresa, e durante o concerto pareceu-me um público bastante atento e
caloroso.
FC - Foi um concerto mágico e foi bem recebido no entanto parece-me que muitas pessoas foram apanhadas de surpresa.
PR - Numa frase apenas - ou duas - como caracterizarias este “Aqui Em Baixo Tudo é Simples”?
MV - Muy fraco.
JS - "Extremamente complicado de um ponto de vista superior!" - Ou então uma ODE aos pequenos prazeres da vida...
JG - Aqui em Baixo Tudo É Simples, embora não pareça.
FC - Complexo na sua simplicidade complexa...
PR - "Aqui
Em Baixo Tudo é Simples" conta com participações especiais da fadista
Mísia e do trompetista norte-americano Frank London, dos
Klezmatics. Como é que surgiu esta oportunidade?
MV - Convidámo-los e eles aceitaram. Foi surpreendente e espectacular! É
muito interessante ver as músicas tocadas por outras pessoas, e o
resultado (a Mísia na "Gare No Oriente" e o Frank London na
"Caleidoscópio") foi mágico.
JS - Durante o processo de composição
do álbum as músicas tornaram-se caprichosas, começaram com exigências
e tivemos de fazer uma reunião extraordinária da assembleia Mechaya,
reunimos na sala pentagonal e após longas horas de negociação entre as
partes, tivemos de ceder às suas vontades e saíram os confetis pelas
chaminés anunciando as ecolhas... Voz e Trompete, Mísia e Frank London!
JG - Houve um interesse nosso, em primeiro lugar. Depois apareceu o
atrevimento de os convidarmos. Segui-se a surpresa da aceitação. E
finalmente o deslumbramento com a interpretação.
FC - Como banda temos
a convicção e a curiosidade de trazer para o mundo de Melech músicos
provenientes de outros universos musicais. Neste caso a curiosidade foi
materializada nos convites feitos directamente ao Frank London e a
Mísia, que prontamente aceitaram. O resultado não podia ser melhor!
PR - “Los Bentos” foi o single escolhido para apresentar este novo trabalho. É este o tema que melhor define o espírito do álbum?
MV - É um tema, sem dúvida.
JS - Los Bentos começa em Mechaya, passa pela aventura de uma banda de
Mariachis fugitivos transformando-se num "vendedor de ideias" do inicio
do séc XX....; É sobretudo plural numa perspectiva espaço-temporal,
que... ou seja, o reflexo de um pudim!... É!
JG - É um tema com uma
alegria contagiante, que se rejuvenesce cada vez que é tocado ao vivo. O
disco é heterogéneo, não sei se há um fio condutor óbvio que ligue
todas as músicas, em termos de composição. Por isso é um tema como
poderia perfeitamente ter sido outro qualquer. Aliás sempre que pergunto
às pessoas qual a música preferida do novo álbum, obtenho as respostas
mais diversas. E isso é um óptimo sinal.
FC - Parece-me que na verdade não é o tema que melhor define o espirito do álbum, no entanto desempenha muito bem esse papel!
PR - Para terminar, a força das canções dos Melech Mechaya passam muito pela energia que o grupo coloca em palco?
MV - Creio que isso acontecia sobretudo com as músicas do "Budja Ba". As
músicas deste disco ("Aqui Em Baixo Tudo É Simples") não passaram pelo
filtro dos concertos, e acho que resultam tão bem em disco como ao vivo.
Mas, claro, somos um grupo cujo habitat natural é o palco, pelo que ao
vivo tudo é melhor!
JS - Só se poderá responder a esta questão indo a
um concerto e comprando um cd, o melhor de dois mundos muito distintos e
nos quais nos sentimos muitos bem. "Não confirmo nem desminto!" -
"prognósticos, só depois do jogo!"
JG - Não apenas. Passam também pela
fonte originária de onde provêm - o klezmer - que é um estilo
extremamente festivo. O nosso espectáculo ao vivo sofreu uma remodelação
importante também, em comparação a 2010. Temos uma cenografia montada,
um desenho de luzes, técnicos fantásticos e coreografias extremamente...
vulgares. A energia, essa, continua lá!
FC - A força das canções de
melech passa por vários planos desde da fonte originária - o klezmer-,
passando pelos arranjos que fazemos e acabando na entrega que temos em
palco e na respectiva resposta do publico.